Na cidade do Porto, sobre o Jardim Botânico, ergue-se o empreendimento residencial Campo Alegre que evoca o imaginário bucólico de tempos dourados: de salas que parecem abarcar o mundo onde ecoa toda uma cerimónia de gente que fala, que escuta, que canta e que dança. 

Sensível ao ambiente circundante, o edifício, no piso térreo, possui uma dimensão que se estende pelo terreno, procurando estabelecer uma escala mais próxima e doméstica das moradias que se estendem pela Rua de Guilherme Braga. Nesta seção da construção, são propostas tipologias que se beneficiam da relação com o terreno, com pátios e terraços repletos de jardins privados. Desenvolvem-se no meio do jardim do logradouro e estão protegidas por várias salas de uso comum dedicadas ao lazer, ao desporto e à cultura, que por sua vez estabelecem uma relação física e simbólica com a frente urbana.

Nos pisos superiores, acima das áreas sociais, os apartamentos desfrutam de varandas projetadas com vistas para paisagens verdejantes, especialmente para sul, com o Jardim Botânico e o rio dourado. Para norte, a vista é igualmente idílica sobre os bairros de moradias intercaladas por jardins arborizados.

Os apartamentos foram concebidos com compartimentos para ambas as vistas: os espaços mais íntimos, como os quartos, são orientados para norte, enquanto áreas sociais, como a cozinha com espaço para refeições informais, e a sala de estar e jantar, voltam-se para sul, ambas com varandas. É fundamental esta relação de uso de ambas as fachadas, permitindo adaptar a utilização da casa às características sazonais do clima.

Na cobertura, destacam-se os apartamentos maiores, recuados em relação às fachadas, possibilitando amplos terraços rodeados de canteiros, com vistas desobstruídas, finalizando delicadamente o topo do edifício com pequenas marquises e pérgulas para proteger os espaços exteriores. Esta interpretação contemporânea do glamour e da sofisticação do início do século XX celebra a vida urbana moderna, enaltecida entre luxo e natureza, enquanto oferece um refúgio digno de contemplação e tranquilidade.