Duas casas sobrepostas.

Em cima a casa de todos os dias, o programa convencional para as acções tipificadas e para uma utilização tipo, a intimidade e o núcleo familiar. Quartos, cozinha, sala de refeições, estar e tv/ biblioteca / multimédia.

Em baixo o espaço particular, que revela a identidade própria das pessoas que ocupam a casa. Um conjunto de espaços interligados que permitem uma polivalência de funções e se necessário alguma autonomia da casa superior. Para receber, trabalhar, “ casa de verão”, estar, brincar… As necessidades de uma família que evolui e a casa acompanham a evolução. 

Acentuamos essa diferença, separando fisicamente e conceptualmente essas duas casas.  

Entramos a uma cota ligeiramente elevada, assim a base da casa surge como que escavada do terreno e assume a ideia de um material mais rude e duro, fazendo o contorno do lote, moldando o espaço exterior. A introdução desta nova base muda a relação existente de acesso à casa, redireccionando a entrada pedonal para uma zona mais lateral do terreno, por entre um jardim, dando acesso à entrada principal coberta e ao pátio de trás.

Em cima desta base a casa pousa de forma “imaculada”, leve, elegante de pormenor mais delicado. Trabalha-se sobre um volume puro uma composição de janelas, alternado entre aberturas maiores e menores. Retira o peso do volume de dois pisos e cria-se diferentes sensações na utilização dos espaços. A excepção é a varanda da sala, elemento rebatido de uma grande janela e que se encastra na base. Projecta-se sobre o terreno até às árvores do jardim.