O projeto EDA Drinks & Wine Campus, proposta do atelier de arquitetura português Carvalho Araújo, foi selecionado no concurso internacional de arquitetura organizado pelo Basque Culinary Center para a conceção e construção das sedes de EDA Drinks & Wine Campus, de Vitoria-Gasteiz e Laguardia. Os espaços apresentados destacam-se pela sua singularidade e pela sua integração com a envolvente, bem como no próprio ecossistema Basque Culinary Center.

Após constatar a qualidade e o alto nível dos trabalhos apresentados, uma análise exaustiva levou o júri a escolher o Atelier Carvalho Araújo que representa, em duas propostas arquitetónicas, a visão de EDA Drinks & Wine Campus, posicionando Álava e Euskadi como uma região de destaque, no âmbito do vinho e das bebidas, no cenário internacional.

Selecionada pela aposta na sustentabilidade e na integração paisagística tanto no ambiente urbano como no rural, a proposta apresentada destaca-se pela organização do programa de atividades e pela sua funcionalidade e flexibilidade, de acordo com as necessidades evolutivas dos dois edifícios. A configuração dos acessos aos diferentes espaços ou a distribuição das diferentes áreas por pisos e os espaços conectores reforçam e respondem, de forma adequada, à necessidade.

Ambas as construções privilegiam o espaço coletivo como um elemento que surge naturalmente nos edifícios. A proposta de Laguardia assenta e reivindica o seu lugar numa ampla paisagem, enquanto a de Vitoria-Gasteiz define-se e abre-se para o seu entorno. A cobertura dita a estratégia do projeto, adaptando-se ao contexto e criando uma identidade, sem nunca abdicar da integração de elementos sociais como ruas e referências de espaços públicos urbanos ou paisagísticos. O edifício de Laguardia destaca-se por ser um espaço aberto à cidade. As fachadas permitem ver o que se passa no seu interior e os corredores exteriores que o rodeiam permitem contornar o edifício, de onde se pode contemplar as vinhas circundantes.

Compromisso de inovação e sustentabilidade

As sedes de EDA Drinks & Wine Campus não serão apenas locais de estudo avançado, mas também ícones de inovação e sustentabilidade. Estabelecendo como princípio a eficiência energética como base da própria arquitetura, o projeto trabalha com todos os seus elementos passivos, evitando demandas ou perdas excessivas de energia, otimizando a necessidade de elementos geradores de energia e procurando o menor impacto possível de CO2.

Na vertente mais técnica ou funcional, os edifícios contarão com as mais recentes tecnologias em termos de coberturas verdes, que se tornarão sistemas multifuncionais de apoio ao edifício, integrando a recolha, filtragem e distribuição de águas pluviais para armazenamento e utilização, bem como a captação de energia solar através de painéis solares, irrigação de elementos vegetais por sistemas de otimização e baixo consumo e a redução da variabilidade de temperaturas no interior do edifício, melhorando a sua eficiência e desempenho energético. Além disso, o projeto procura otimizar a iluminação através da eficiência no desenho e do aproveitamento natural da luz solar, e beneficiará também da utilização de soluções diversificadas para não sobrecarregar o "ecossistema construtivo".

Destaques da Arquitetura

- Laguardia 

O edifício de Laguardia destaca-se por ser um espaço aberto à cidade. As fachadas permitem ver o que se passa no seu interior e os corredores exteriores que o rodeiam permitem contornar o edifício, de onde se pode contemplar as vinhas circundantes.

A intervenção apresenta uma estrutura de dois pisos sob uma cobertura entendida como uma extensa plataforma verde, sustentada por uma esbelta colunata, que se ergue no meio das vinhas. O piso térreo que proporciona o acesso ao espaço, em frente o edifício pré-existente, e o outro, mais íntimo, a um nível inferior, asseguram o respeito pela topografia do local, pousando e protegendo a envolvente e integrando-se como um manto verde sobre o branco pétreo do calcário.

Esta estruturação estabelece uma relação de interação entre as diferentes actividades de produção e formação, e o espaço destinado às incubadoras de empresas. No interior, a natureza integra-se organicamente e de uma forma marcante, a par e passo com o edifício que se eleva confortavelmente entre os vinhedos com uma linguagem moderna.

Simultaneamente, ao modelar a cobertura, o projeto desenha uma superfície inclinada, criando um grande pátio exterior que possibilita uma exposição mais controlada da área produtiva, deixando-se entrever, enquanto permite o acesso à cobertura transitável.

Esta cobertura ajardinada funde áreas verdes com espaços para atividades e contemplação, tornando-se numa varanda sobre a paisagem, onde se pode desfrutar de momentos sociais, culturais ou turísticos, tirando partido das vistas panorâmicas para as vinhas que se estendem até ao horizonte. Esta ideia procura criar um espaço significativo para a comunidade local, promovendo o sentido de identidade e pertença através de uma intervenção que respeita a paisagem onde se encontra integrada. Deste modo, cria-se uma referência visual que funciona como ponto de encontro e uma referência na região.

- Vitoria-Gasteiz

No caso de Vitoria-Gasteiz, propõe-se um edifício que se apresenta com um respeito elevado pela paisagem, pelo contexto e pela cidadania. O edifício ergue-se como um manto vegetal, uma camada de solo que cria um parque transitável e que define os espaços públicos circundantes, com caráter e consideração pelos edifícios vizinhos e pelo espaço público existente, dotando-os de atividades e de uma identidade própria, através de uma abordagem orgânica que reduz o impacto visual da intervenção. Paralelamente, o edificio cria um diálogo com a estação de autocarros adjacente para compor uma visão integrada entre edifícios.

A fachada que se eleva do solo, com um caráter mais urbano, abre-se para as ruas Donostia e

Boulevard de Euskal Herria. Em total contraste com a atitude presente na praça que define, o

edifício apresenta duas entradas que traduzem duas dinâmicas diferentes: uma mais formal

dirigida ao átrio, localizado nesta mesma esquina, e uma mais informal que o relaciona

diretamente com o exterior.

A partir dessas entradas, surgem um conjunto de espaços conectados, com uma forte relação física e visual, que se unem entre o piso térreo e o piso -1 e tiram partido da organização para potenciar espaços de maior altura. Essas conexões são reforçadas pelas vistas diagonais que se proporcionam entre pisos, permitindo observar o piso -1 a partir do piso superior e promovendo transversalidade e transparência para favorecer o conhecimento, a comunicação e a inter-relação entre os públicos utilizadores. Além disso, a localização dos laboratórios perto das zonas de produção ou das salas polivalentes favorece a valorização do ensino "aprender fazendo" caraterístico do ecossistema do Basque Culinary Center. Da mesma forma, o auditório encontrase presente entre a cota 0 e o piso -1, para comunicar, por um lado, com esta zona de estudo e trabalho e, por outro lado, com a zona sensorial, espaços que, apesar de autónomos, podem ser articulados para uma experiência de utilização conjunta ou complementar.

Estas relações físicas e visuais entre os espaços permite uma relação transversal entre as áreas sociais, de formação e de produção, facilitando a consciência e a perceção do que se passa no edifício, criando espaços abertos de comunicação.

A cobertura ajardinada, funciona como um prolongamento do jardim que se eleva, a partir do nível da rua, para abrigar o edifício sob o seu manto, integrando-se na estrutura verde urbana, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, atenuando o efeito de ilha de calor e promovendo a biodiversidade. Apresenta-se como um plano inclinado que emerge sem um ponto de partida evidente, diluindo a perceção da figura real e da imponência do edifício a partir da sua fachada norte, de forma a integrar a na topografia urbana.

A apresentação do projeto, que teve lugar hoje em Laguardia, foi presidida por Lehendakari Imanol Pradales, e contou com a presença do Director do Basque Culinary Center Joxe Mari Aizega e do arquiteto fundador do Atelier Carvalho Araújo. Estiveram também presentes o Diputado General de Álava Ramiro González, a Alcaldesa de Vitoria-Gasteiz Maider Etxebarria, o Alcalde de Laguardia Raúl García, a Consejera de Alimentación, Desarrollo Rural, Agricultura y Pesca Amaia Barredo, a Diputada Foral de Agricultura Noemí Aguirre, o Presidente do Conselho de Administração do Basque Culinary Center Vicente Atxa, a Presidente de la Cuadrilla de Laguardia-Rioja Alavesa Txema Elvira e a Directora do EDA Drinks & Wine Campus Elisa Úcar.

No dia 3 de janeiro

O Basque Culinary Center publicou o concurso de projetos de arquitetura para as duas sedes de EDA Drinks & Wine Campus em Vitoria-Gasteiz e Laguardia, aberto a estúdios de arquitetura e equipas de design de todo o mundo. Após o prazo para a apresentação de referências por parte de todos os gabinetes de arquitetura interessados no processo, durante o mês de março, o júri selecionou os três gabinetes finalistas de entre os 31 de origem internacional através de uma avaliação de mérito. Os projetos de arquitetura deveriam gerar um espaço aberto e único que funcionesse como elemento de atração para o talento, o empreendedorismo, a investigação e a inovação. O concurso selecionaria a melhor proposta que apresentasse soluções de excelência do ponto de vista sustentável, funcional, tecnológico, ambiental e estético e cujos projetos se integrassem na paisagem urbana e natural, em cada caso, de forma orgânica e, sobretudo, participativa com a envolvente direta.

Os ateliers de arquitectura Carvalho Araújo (Portugal), Barozzi Veiga y Orza Paisajismo (Cataluña y Galicia), e Zaha Hadid y Gonzalez Cavia y Cabrera (Reino Unido y Euskadi), foram os três finalistas que concorreram ao projeto vencedor para edificar as sedes do EDA Drinks & Wine Campus. Tratam-se de ateliers de referência internacional que estão na vanguarda da arquitetura, cujas propostas se destacaram pelo seu elevado nível de excelência.